Em “As esferas pública e privada”, Arendt
sublinha a oposição que há entre a esfera daquilo que é comum aos cidadãos, e a
esfera daquilo que lhes é próprio ou de domínio da casa.
A primeira, remete-se a esfera pública da
política, onde a ação se enquadra. Esta esfera, é o reino da liberdade, onde a
ação (política) nunca se equivale a trabalhos realizados à sobrevivência
biológica, ou até à a produção técnica. A ação, nada mais é, do que uma
atividade efetivada através da retórica, onde a pluralidade de opiniões mede
toda a comunicação dentro do confronto político.
Já a segunda, a esfera privada, mantém
sobre domínio o labor e o trabalho, sendo a esfera privada o reino da
necessidade.
Segundo Antunes (Pg 2),
“Para
Arendt, a evolução da sociedade, a assimilação da acção pelo social privado, o
uniformismo das actividades humanas e o consequente conformismo demonstram bem
até que ponto se perdeu a distinção entre a polis (esfera pública) e o
oikos/idion (esfera privada). A sociedade actual representa a extensão da
esfera privada doméstica ao espaço público da política. Este aspecto central é
visível a partir da Modernidade verificandose a assimilação da igualdade,
outrora circunscrita ao espaço político, pela esfera privada. A igualdade
moderna e contemporânea rejeita a praxis (acção) e a lexis (discurso)
constituintes da comunidade política, valorizando o conformismo e uniformização
do comportamento […]”.
Durante
toda a história, o homem tenta esconder as necessidades corporais na esfera
privada. Assim, escravos, mulheres, crianças e trabalhadores, sempre foram
mantidos fora do espaço público. Esse cenário está sendo revertido por
movimentos como o sindicalismo e o feminismo,
onde “as funções corporais e os interesses naturais pelo mundo material
passam a ser divulgados publicamente […]” (ANTUNES, pg 13).
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